Fonte de mel Nos olhos de gueixa Kabuki, máscara Choque entre o azul E o cacho de acácias
Luz das acácias Você é mãe do sol A sua coisa é toda tão certa Beleza esperta Você me deixa a rua deserta Quando atravessa E não olha pra trás
Linda E sabe viver Você me faz feliz Esta canção é só pra dizer E diz Você é linda Mais que demais Você é linda sim Onda do mar do amor Que bateu em mim
Você é forte Dentes e músculos Peitos e lábios Você é forte Letras e músicas Todas as músicas Que ainda hei de ouvir
No Abaeté Areias e estrelas Não são mais belas Do que você Mulher das estrelas Mina de estrelas Diga o que você quer!
Você é linda E sabe viver Você me faz feliz Esta canção é só pra dizer E diz Você é linda Mais que demais Você é linda sim Onda do mar do amor Que bateu em mim
Gosto de ver Você no seu ritmo Dona do carnaval Gosto de ter Sentir seu estilo Ir no seu íntimo Nunca me faça mal!
Linda Mais que demais Você é linda sim Onda do mar do amor Que bateu em mim Você é linda E sabe viver Você me faz feliz Esta canção é só pra dizer E diz
Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante De uma estrela que virá numa velocidade estonteante E pousará no coração do hemisfério sul Na América, num claro instante Depois de exterminada a última nação indígena E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá Impávido que nem Muhammad Ali Virá que eu vi Apaixonadamente como Peri Virá que eu vi Tranqüilo e infálivel como Bruce Lee Virá que eu vi O axé do afoxé Filhos de Gandhi Virá
Um índio preservado em pleno corpo físico Em todo sólido, todo gás e todo líquido Em átomos, palavras, alma, cor Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico Do objeto-sim resplandecente descerá o índio E as coisas que eu sei que ele dirá, fará Não sei dizer assim de um modo explícito
Virá Impávido que nem Muhammad Ali Virá que eu vi Apaixonadamente como Peri Virá que eu vi Tranqüilo e infálivel como Bruce Lee Virá que eu vi O axé do afoxé Filhos de Gandhi Virá
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio
Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim, Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos Mutantes
E foste um difícil começo Afasta o que não conheço E quem vem de outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba Mais possível novo quilombo de Zumbi E os Novos Baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir numa boa
Gente olha pro céu Gente quer saber o um Gente é o lugar De se perguntar o um Das estrelas se perguntarem se tantas são Cada, estrela se espanta à própria explosão Gente é muito bom Gente deve ser o bom Tem de se cuidar De se respeitar o bom Está certo dizer que estrelas Estão no olhar De alguém que o amor te elegeu Pra amar Marina, Bethânia, Renata Dolores, Suzana Leilinha, Dedé Gente viva, brilhando estrelas Na noite Gente quer comer Gente que ser feliz Gente quer respirar ar pelo nariz Não, meu nego, não traia nunca Essa força não Essa força que mora em seu coração
Gente lavando roupa Amassando pão Gente pobre arrancando a vida Com a mão No coração da mata gente quer Prosseguir Quer durar, quer crescer Gente quer luzir Rodrigo, Roberto, Caetano Moreno, Francisco Gilberto, João Gente é pra brilhar Não pra morrer de fome Gente deste planeta do céu De anil Gente, não entendo Gente nada nos viu Gente espelho de estrelas Reflexo do esplendor Se as estrelas são tantas Só mesmo o amor Maurício, Lucila, Gildásio Ivonete, Agripino Gracinha, Zezé Gente espelho da vida Doce mistério
A tristeza é senhora Desde que o samba é samba é assim A lágrima clara sobre a pele escura A noite a chuva que cai lá fora
Solidão apavora Tudo demorando em ser tão ruim Mas alguma coisa acontece No quando agora em mim Cantando eu mando a tristeza embora
O samba ainda vai nascer O samba ainda não chegou O samba não vai morrer Veja, o dia ainda não raiou O samba é pai do prazer O samba é filho da dor O grande poder transformador
Pára de ondular, agora, cobra coral: a fim de que eu copie as cores com que te adornas, a fim de que eu faça um colar para dar à minha amada, a fim de que tua beleza teu langor tua elegância reinem sobre as cobras não corais